Página 48 de 59
DATA DA RECEPÇÃO: Março, 2017 | DATA DA ACEITAÇÃO: Maio, 2017
RESUMO
Este artigo relata algumas ações educativas que podem ser desenvolvidas na instituição
Museu Educacional Gama D’Eça e Victor Berssani, instituição pertencente à
Universidade Federal de Santa Maria. As ações apresentadas já foram desenvolvidas em
outros estabelecimentos, maior parte proporcionando resultados positivos e satisfatórios,
servindo como base teórica e prática para aplicação das mesmas na cidade de Santa Maria,
através do museu da Universidade. Tais medidas têm como objetivo aproximar o público
do patrimônio salvaguardado pela instituição, como também chamar atenção para a
própria sede da mesma, um exemplar histórico da arquitetura eclética da cidade. Cabe
ressaltar que as ões identificadas podem ser adaptadas para o Museu visto que em geral
são ofertadas por grandes instituições museológicas e podem não representar a atual
realidade do Museu.
Palavras-chave: ações educativas, museus educativos, arquitetura
Medidas Educativas: Museu Gama D’eça e Ações para o Pertencimento
Educational Measures: Gama D'eça Museum and Actions for Belonging
Medidas Educativas: Museo Gama D'eça y Acciones de Pertenencia
Mesures Éducatives : Musée De La Gama D'eça et Actions D'appartenance
Mariana Deboni Blaya
Mestre.Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil
0000-0002-9702-189X
Heloisa Helena Fernandes Gonçalves da Costa
Doutora. Universidade de Quebec. Montreal. Canadá
0000-0002-7326-9903
Denise de Sousa Saad
Doutora. Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil
0000-0003-4395-9759
EMAIL
Página 49 de 59
ABSTRACT
This article reports some educational actions that can be developed in the institution Gama
D'Eça Educational Museum and Victor Berssani, an institution belonging to the Federal
University of Santa Maria. The actions presented have already been developed in other
establishments, mostly providing positive and satisfactory results, serving as a theoretical
and practical basis for their application in the city of Santa Maria, through the University
museum. These measures aim to bring the public closer to the heritage safeguarded by
the institution, as well as to call attention to its own headquarters, a historical example of
the eclectic architecture of the city. It should be noted that the actions identified can be
adapted to the Museum since they are generally offered by large museological institutions
and may not represent the current reality of the Museum.
Keywords: educational actions, educational museum, architecture
RESUMEN
Este artículo informa de algunas acciones educativas que se pueden desarrollar en la
institución Gama D'Eça y el Museo Educativo Victor Berssani, institución perteneciente
a la Universidad Federal de Santa María. Las acciones presentadas ya han sido
desarrolladas en otros establecimientos, dando la mayoría de ellas resultados positivos y
satisfactorios, sirviendo de base teórica y práctica para su aplicación en la ciudad de Santa
María, a través del museo de la Universidad. Estas medidas pretenden acercar al público
al patrimonio que salvaguarda la institución, así como llamar la atención sobre la propia
sede, ejemplo histórico de la arquitectura ecléctica de la ciudad. Cabe mencionar que las
acciones identificadas pueden ser adaptadas al Museo ya que en general son ofrecidas por
grandes instituciones museológicas y pueden no representar la realidad actual del Museo.
Palabras clave: acciones educativas, museos educativos, arquitectura
RÉSUMÉ
Cet article rapporte quelques actions éducatives qui peuvent être développées dans
l'institution Gama D'Eça et le Musée éducatif Victor Berssani, institution appartenant à
l'Université fédérale de Santa Maria. Les actions présentées ont déjà été développées dans
d'autres établissements, la plupart donnant des résultats positifs et satisfaisants, servant
Página 50 de 59
de base théorique et pratique pour leur application dans la ville de Santa Maria, à travers
le musée de l'Université. Ces mesures visent à rapprocher le public du patrimoine
sauvegardé par l'institution, ainsi qu'à attirer l'attention sur le siège lui-même, exemple
historique de l'architecture éclectique de la ville. Il convient de mentionner que les actions
identifiées peuvent être adaptées au musée car, en néral, elles sont proposées par de
grandes institutions muséologiques et peuvent ne pas représenter la réalité actuelle du
musée.
Mots clés: actions éducatives, musées éducatifs, architecture
INTRODUÇÃO
Muito se questionou sobre o termo Educação Patrimonial e se propôs falar em educação
para o patrimônio, educação com o patrimônio, patrimônio e educação. De todo modo,
o termo educação patrimonial carrega o peso da abordagem institucional, centrada em
bens materiais e relacionada aos fatos de uma determinada memória nacional. Hoje,
entendemos como fundamental a reflexão a respeito da relação patrimonial com foco no
sujeito ao mesmo tempo produto e produtor de cultura
1
.
“Reafirmar e ampliar a capacidade educativa dos museus e do patrimônio cultural como
estratégias de transformação da realidade social
2
”. Constitui na premissa norteadora para
o desenvolvimento de ações educativas, que ofereçam ao público visitante uma fruição
mais adequada, prazerosa e profunda de seus espaços expositivos.
Por isso enfoca que os museus encontram-se abertos a todos, porém, inacessíveis à
maioria da população, visto que a educação formal deficitária não desperta a necessidade
cultural do grande público. Esse fator, relacionado ao baixo capital cultural, artístico e
simlico de significativa parcela dos brasileiros, contribui para a inacessibilidade destes
à cultura e, em especial, aos museus. Para que um visitante apreenda o capital simbólico
1
GIL, Carmem Zeli de Vargas, POSSAMAI, Zita Rosane. Educação Patrimonial: Recursos, Concepções
e Apropriações, Mouseion (ISSN 1981-7207), Canoas, n.19 dez 2014.
2
IBRAM, Ibermuseus lança 7º Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus, 2015. Disponível em <
http://www.museus.gov.br/tag/ibermuseus-premio-ibero-americano-de-educacao-e-museus/> Acesso em:
10 jun 2016.
Página 51 de 59
contido em um acervo exposto, ele necessita dos capitais cultural e artístico, embasadores
dessa compreensão
3
.
A ação educativa muitas vezes resume-se a técnicas e metodologias que façam os
educandos desenvolverem habilidades tornando-se assim uma ação técnica. As ações
educativas analisadas neste artigo têm como intuito constitrem procedimentos que
promovem a educação no museu, tendo o acervo e a edificação como centro de suas
atividades.
O Estado deve reconhecer que os museus podem ser atores económicos na sociedade e
contribuir para atividades geradoras de receita. Além disso, estes participam na economia
do turismo e em projetos produtivos que contribuem para a qualidade de vida das
comunidades e das regiões onde se localizam. De um modo mais amplo, estes podem
também aumentar a inclusão social de populações vulneráveis
4
.
Pode estar voltada para a transmissão de conhecimento dogmático, resultando na
participação, reflexão crítica e transformação da realidade social. Assim, ser entendida
como uma ação também cultural, permitindo que o público compreenda, o que é bem
cultural, desenvolvendo uma consciência crítica da realidade que o cerca. Os resultados
destas intervenções devem assegurar a ampliação das possibilidades de expressão dos
indivíduos e grupos nas diversas esferas da vida social. Assim as ações educativas nos
museus promovem sempre benefício para a sociedade, como também para o próprio
museu.
MUSEU E SUA FUNÇÃO
Museu é definido como uma “instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da
sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga,
comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio
3
BINA, Ellene Dourado. Museus: Espaços de comunicação, interação e mediação cultural, 2015. Actas
do I Seminário de Investigação em Museologia dos Países de Língua Portuguesa e Espanhola, Volume 2,
pp. 75-86. 2015. Disponível em: < http://documentslide.com/documents/binamuseus-espacos-de-
comunicacao-interacao-mediacao-cultural.html>. Acesso em: 10 jun 2016.
4
UNESCO, Recomendações relativas à proteção e promoção dos museus e das coleções da sua
diversidade e do seu papel na sociedade, Paris, 2015. Disponível em < http://icom-
portugal.org/multimedia/documentos/UNESCO_PMC.pdf> Acesso em: 10 jun 2016.
Página 52 de 59
envolvente com fins de educação, estudo e deleite”
5
. São instituições que procuram
representar a diversidade cultural e natural da humanidade, assumindo um papel essencial
na proteção, preservação e transmissão do património
6
.
Os museus contam com mais de dois séculos de história no Brasil e, ao longo desse
período, o seu papel educativo vem-se consolidando e fortalecendo. No Brasil, os
recursos financeiros destinados para museus foram sempre escassos
7.
O recinto museu ganhou diversas formas através dos tempos. Passou a acompanhar as
novas tecnologias, avançando por essa via a sua comunicação com o público, seja por
meio de exposições dinâmicas procurando um público ativo e o passivo , seja via
Internet, com o seu marketing, a sua programação, divulgação, debates, ou através de CD
ROMs
8
Aplicada a museus existe também a museologia, que estuda a relação entre o
homem/sujeito e o objeto/bem cultural num espaço denominado museu (ou fora dele),
tudo isso participando de uma mesma realidade em transformação, o museu é espaço de
relações. E que, com base nas relações possíveis entre os seres humanos, mediadas por
um discurso que articula os bens culturais o museu pode ser concebido como meio de
comunicação e campo de educação
9
A avaliação, prática já consolidada nos grandes museus do mundo, é fundamental para o
aprimoramento permanente, tanto dos produtos desenvolvidos quanto dos processos de
comunicação e educação. Como levantamento sistemático de informações úteis à tomada
de decisão, os processos de avaliação permitem não apenas medir a adequação das ações
5
Esta definição é dada pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), que reúne, a nível internacional,
o campo dos museus em toda a sua diversidade e transformações através do tempo e do espaço. Esta
definição descreve um museu como um organismo ou instituição pública ou privada sem fins lucrativos.
6
Cf. Op. Cit.
7
Cf. Cazelli, 2005 apud Marandino, Martha Organização, Educação em museus: a mediação em foco,
FEUSP, São Paulo, 2008. Disponível em < http://parquecientec.usp.br/wp-
content/uploads/2014/03/MediacaoemFoco.pdf> Acesso em: 10 jun 2016.
8
Cf. Lévy, 1999: 23 apud OLIVEIRA, José Claudio Alves de. O Museu e a sua arquitetura no mundo
globalizado: entre informação e virtualidade. Revista do Programa de s-Graduação em Ciência da
Informação da Universidade de Brasília Vol.1, nº1, jan/jul de 2012
9
Cf. IPHAN, PARAÍBA, ORGANZAÇÃO ÁTILA BEZERRA, Iphan Paraíba, Educação patrimonial:
reflexões e práticas, IPHAN, João Pessoa, 2012. Disponível em <
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/EduPat_EducPatrimonialReflexoesEPraticas_ct1_m.pdf>
Acesso em: 10 jun 2016.
Página 53 de 59
da instituição aos objetivos, como também conhecer qual a leitura e experiência do
público
10
.
MUSEU GAMA D’EÇA PALCO DE INTERVENÇÕES
A cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, apesar de ser conhecida como cidade
cultura, realiza poucas atividades em seus museus, de um modo geral os próprios
moradores da cidade acabam por pouco utilizar estes espaços de cultura. Podemos dizer
que a preocupação em conhecer os artefatos que fazem parte da história e da memória do
povo é imprescindível para que a sociedade se reconha e faça parte das políticas
culturais.
O papel social dos museus é, sem dúvida, o de formação do indivíduo. Sob a óptica
educativa, o museu deve, como uma de suas principais fuões, permitir a esse indivíduo
tornar-se sujeito de sua aprendizagem. Nesse contexto, as ações realizadas pelas
instituições, no sentido da comunicação museológica, adquiriram caráter de educação
o-formal, pois tratam da apropriação de conhecimento científico pela sociedade fora do
espaço escolar
11
Como palco para algumas ações educativas, apresentadas neste artigo, será utilizado o
Museu Educativo Gama D’Eça, pertencente à Universidade Federal de Santa Maria
UFSM. Sediado no palacete Dr. Astrogildo de Azevedo localizado na Rua do
Acampamento, primeira rua da cidade, em uma área central e histórica.
Datado do ano de 1913, a edificação foi construída para abrigar a resincia e o escritório
dico do Dr. Astrogildo Cezar de Azevedo, médico influente na cidade embora natural
de Porto Alegre. Foi delegado estadual de higiene e fundou o primeiro hospital da cidade,
o Hospital de Caridade, no ano de 1903. Como intendente Municipal de 1916-1918,
tentou resolver o problema de saneamento básico, promoveu abertura de ruas, novos
traçados e praças além da melhoria de serviços públicos como iluminação, água e
limpeza
12
. O histórico palacete foi projetado pelo arquiteto Alemão Theodor
10
Idem
11
Op. Cit., p. 28
12
VILARINO, Leoniza Mac Ginity. Nossas ruas...nossa história. Santa Maria: Pallotti, 2004. p.36-37
Página 54 de 59
Wiederspahh
13
e a execução da obra ficou ao encargo do engenheiro Henrique Scütz
14
.
Esta é considerada uma das obras mais expressivas elaboradas por Wiederspahn, ao todo
o arquiteto foi responsável por 28 em todo o estado, destas restam apenas 14, destas
apenas sete estão tombadas ou sob guarda. O palacete em questão não é tombado, mas se
encontra sob posse da UFSM e foi adaptado para atividades de cunho cultural.
Com uma área de 537 m² o palacete atualmente possui a seguinte disposição: Térreo-Hall
e portaria, sala de exposições temporárias, sala Memorial/UFSM, sala dedicada à Mariano
da Rocha, intitulada de “A Trajetória de Vida de José Mariano da Rocha Filho”, sala de
Arqueologia e Etmologia, sala de Numismática, coleção Victor Bresani, gabinete da
Direção, secretária, cozinha e dois banheiros, no segundo pavimento Reserva Técnica,
duas salas de Paleontologia, Sala de Amarias e três salas de Zoologia.
O Gama d’Eça tem um acervo com mais de 13 mil peças, durante o ano são realizadas
visitas mediadas, cursos, oficinas e palestras, e o atendimento especial aos grupos
escolares e as exposições itinerantes. Existe uma preocupação constante do Museu em
educar, no ano de 2012 foram recebidas 46 escolas, contabilizando mais de 8,7 mil
visitantes, número expressivo, porém que poderia ser maior através da implementação de
mais e diversas medidas e ações educativas.
AS AÇÕES EDUCATIVAS
Não basta criar ou melhorar as instituições museológicas, tal ação deve ser acompanhada
de uma política de gestão efetiva que reconheça as necessidades dos espaços de memória,
sobretudo, de reconhecimento e utilização da instituição por parte da sociedade. Fazendo
com que a mesma aceite e faça do espaço como seu, tanto para usufruir quanto para
salvaguardar.
O patrimônio cultural é o conjunto de manifestações e representações de um grupo. É,
portanto, algo construído por esse grupo e é exatamente por isso que se faz necessário o
13
Nascido em Wiesbaden no ano de 1908, emigrou para o Rio Grande de Sul onde já se encontra seu
irmão Heinrich Josef, empregou-se como arquiteto responsável pelo departamento de projetos do
Escritório de Engenharia Rudolf Ahrons, até o fechamento da mesma desencadeado pela Primeira Guerra
Mundial. (WEIMER, 2004). Theodor Wiederspahn teve a época mais propicia em seu trabalho no período
entre guerras. Quando o movimento modernista chegou ao Estado, a partir da década de 1940, sua obra
passou a ser menosprezada. WEIMER,nter. Arquitetos e Construtores no Rio Grande do Sul:
1892/1945. Santa Maria: UFSM, 2004.
14
FOLETTO, Vani Terezinha (org). et al. Apontamentos sobre a história da arquitetura de Santa Maria.
Santa Maria: Pallotti, 2008.
Página 55 de 59
envolvimento da sociedade. É a sociedade quem define o que é importante para si, o que
detém valor para determinado grupo. É necessária a identidade do grupo com os seus bens
culturais, caso contrário estes bens se perderão com o passar do tempo e com a alternância
das gerações
15
.
Para que ocorra a identificação e o apoderamento do espaço museológicos pelo público,
ações educativas devem ser tomadas, sendo assim foram selecionados alguns exemplos
de medidas educativas aplicadas em outras localidades que resultaram de forma positiva
na valorização patrimonial.
Sem vida que o Patrimônio Cultural é um recurso não contemplado quando se fala em
desenvolvimento do turismo, a visão que se tem é que somente os recursos naturais, festas
e eventos são a maior atração para o turismo. Desenvolver ações de Educação Patrimonial
no sentido de se apropriar do Patrimônio Cultural por todos os níveis da população
(população local, vereadores, prefeitos, governadores etc.) e incorporar o mesmo nos
planos e programas de desenvolvimento econômico dos Municípios, Estados e da União
é um caminho para que a riqueza e variedades dos bens culturais se transformem em fator
de melhoria de vida para a população e para as regiões, principalmente aquelas onde as
condições econômicas são deficitárias”, afirma a Educadora e Arquiteta Evelina
Grunberg, autora do Guia Básico de Educação Patrimonial (1999) e do Manual de
Atividades Práticas de Educação Patrimonial (2007) do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artistico Nacional - IPHAN, pioneira nos estudos, no desenvolvimento e na aplicação
da metodologia no Brasil.
Oficina Uma “Selfie” no Museu
Esta dinâmica foi baseada nas experiências vivenciadas no Gerdau Museu das Minas e
do Metal de Belo Horizonte, Minas Gerais, tendo uma boa aceitação e participação do
público. Técnicas e dicas básicas para fotografar com celular ou tablet o apresentadas
ao público, estimulando para que ao conhecerem o acervo do museu, as fotos também
sejam um estímulo para a descoberta do museu como espaço. Observar o próprio palacete
de uma forma diferente, a olhar “pela janela”, observar o entorno do museu e desenvolver
o olhar” fotográfico para o registro de paisagens e ambientes externos, como tamm
para os próprios detalhes construtivos guardados sob uma ótica diferente em seu interior.
15
Opus Cit.
Página 56 de 59
Sessões em família
Pais, criaas, adolescentes, avós e amigos, pequenos grupos, nos quais as crianças e
jovens são acompanhados por adultos com os quais possuem vínculos afetivos,
independente do grau de parentesco, se houver. Elaboradas a partir delas as propostas
educativas buscam ressaltar e valorizar as merias e as experiências prévias dos
participantes. Esta ação favorece o conhecimento mútuo, resultando no estreitamento dos
vínculos familiares.
Oficina de Criação
No Museu Oscar Niemeyer
16
, localizado em Curitiba as oficinas de criação, são
vinculadas ao teor das exposições. O principal objetivo delas é fazer com que o visitante
se expresse criativamente a partir do que viu e aprendeu. Também é uma forma de
aproximar o visitante da obra de arte, transmitindo de maneira lúdica conceitos da arte e
da exposição em questão.
Fazer com que os visitantes expressem a criatividade a partir da visita e dos aprendizados
que obtiveram com a mesma. Aproxima o visitante à arte e a cultura, transmite de forma
lúdica os conceitos da arte e do que se pode realizar a partir da exposição assim como dos
detalhes da edificação.
Bate Papo no Jardim
O uso da história oral em museu pode contribuir para o enriquecimento da compreensão
histórica dos visitantes, se exibe a finalidade de estimular habilidades mentais do sujeito,
significados e também habilidades emocionais, psicológicas e sociais necessárias aos
diferentes tipos de questionamento, análise e síntese históricos. A história oral nos museus
16
MUSEU OSCAR NIEMEYER, Ação Educativa, Curitiba, Disponível em <
http://www.museuoscarniemeyer.org.br/acaoeducativa/acao-educativa>. Acesso em: 01 jul 2016
Página 57 de 59
pode facilitar ou obstar nosso diálogo com o passado, especialmente se temos o objetivo
de estar envolvidos nesse diálogo em termos históricos
17
.
O palacete em questão possui um jardim histórico, com espécies nativas e espaços de
ornamentação como também de contemplação, a proposta desta medida é fazer com que
o público após a visitação debata os momentos e conhecimentos adquiridos que foram
mais impactantes em um ambiente externo que proporciona uma fuga do cotidiano.
Quando houver grupos de crianças esta ação pode ser complementada pela criação e
interpretação de uma história a partir das experiências compartilhadas pelos visitantes.
VideoMapping
O videomapping é a técnica utilizada para mapear superfícies com um único projetor,
possibilitando a realização de obras complexas com múltiplas camadas de deo, em
tempo real e independente entre si, mesclando imagens com sons, músicas e ritmos. As
duas técnicas possibilitam alternativas à produção convencional em audiovisual, e
oferecem um amplo campo de expressão com diversas possibilidades de inserção no meio
artístico
18
.
Esta técnica de projeção é usada para transformar qualquer supercie, mesmo a mais
irregular, numa tela de vídeo dinâmica, tais como fachadas de edifícios sem qualquer
distorção. Neste caso seria projetar a história da cidade e do palacete, assim como demais
projeções artísticas que a cidade possa vir a receber.
CONCLUSÃO
Museus são responsáveis por gerenciar e articular as demandas sociais em prol do
patrimônio cultural, e para atingir este objetivo é necessário que a instituição, e
principalmente, seus visitantes o reconhecerem como local patrimonial.
17
RIBEIRO, Aragonêz; ROSSONI, Sirlei. Repensando a ação educativa no museu: formação Prática.
URI, Vivências. Vol.6, N.9: p.177-183, Maio de 2010
18
SESC, Estratégias Audiovisuais Contemporâneas Vj e Videomapping, 2014. Dispovel em: <
http://www.sescsp.org.br/aulas/21581_ESTRATEGIAS+AUDIOVISUAIS+CONTEMPORANEAS+VJ+
E+VIDEOMAPPING> Acesso em: 10 jun 2016.
Página 58 de 59
Para Bemvenuti
19
, o panorama das ações educativas nos museus do Brasil, abrangem
concepções teóricas diferentes: por um lado, as ações educativas contemplam ações
isoladas, como a monitoria informativa, ou um programa de ação educativa que não
instiga o espectador a refletir sobre o registro realizado pelo artista; por outro lado,
existem setores organizados desenvolvendo pesquisa e atividades relacionadas à leitura
de obras em que podemos observar ações educativas sistematizadas.
É preciso ressaltar que de modo geral as ações, são ofertadas por grandes instituições
museológicas brasileiras. Elas não representam a realidade dos museus com menos
público e dimensões no Brasil.
Para serem implementadas, e principalmente aprimoradas pelos visitantes, o setor
educativo da instituição deve ser organizado, ou possuir uma equipe de funcionários
preparados para prestar este tipo de serviço. A ausência de monitores, mediadores ou
atendentes em museus é um fato concreto.
Apesar da carência, e da falta de identificação do público com o patrimônio e sua
localidade, as práticas educativas desenvolvidas, aplicadas neste caso, têm como intuito
de contribuir para a difusão dos bens culturais. Entretanto, não basta garantir a
democratização do acesso aos bens culturais, é preciso formar um público que seja capaz
de construir e desconstruir discursos no campo do patrimônio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ÁTILA BEZERRA TOLENTINO ORG; IPHAN na Paraíba; Educação
patrimonial: reflexões e práticas; João Pessoa, 2012
2. CARDOSO, Luciana Silveira; e COSTA, Heloisa Helena Fernandes Gonçalves
da; Por uma politica de gestão para os Museus,Cadernos NAUI Vol. 3, n.4, jan-
jun 2014, UFSC, Florianópolis, 2014. Disponivel em <
http://naui.ufsc.br/files/2014/11/Por-uma-Pol%C3%ADtica-de-Gest%C3%A3o-
para-os-Museus.pdf> Acesso em: 05 mar 2016.
3. ORGANZAÇÃO ÁTILA BEZERRA, IPHAN PARAÍBA, Educação patrimonial:
reflexões e práticas, IPHAN, João Pessoa, 2012. Disponível em <
19
BEMVENUTI, Alice. Museus e educação em museus: história, metodologias e projetos. Com análises
de caso: museus de arte contemporânea de São Paulo, Niterói e Rio Grande do Sul. Dissertão de
Mestrado PPGAVI/UFRGS, 2004. p. 345
Página 59 de 59
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/EduPat_EducPatrimonialReflexoes
EPraticas_ct1_m.pdf> Acesso em: 10 jun 2016.
4. PACHECO, Ricardo; Educação, memorio e patrimônio: ações educativas em
museus e o ensino de história, Revista Brasileira de História, SP, 2010;
5. SILVEIRA A, BIAZUS M.; As ações educativas em museus de arte no Brasil,
CEART/UDESC, 2012;
6. SOUZA, Rodrigo Diego de. A ação educativa e o Esclarecimento: o conceito de
autonomia e heteronomia na filosofia da educação de Kant e Paulo Freire,
7. VERGARA, Luiz Guilherme. Curadorias educativas: a consciência do olhar:
percepção imaginativa, perspectiva fenomenológicas aplicadas à experiência
estética. In: Congresso Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. v.3. o
Paulo, out/1996;