Popularização e ensino de filosofia no brasil na década de 1970 – em busca de uma retórica de segurança
Palavras-chave:
Ensino de Filosofia, Popularização da filosofia, Filosofia acadêmica, Universidade de São Paulo, Giannotti, Lebrun, BrasilResumo
Este artigo retoma o debate realizado na mesa-redonda sob o título “Por que filósofo?”, promovida pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em sua Reunião Anual, realizada em julho de 1975, na cidade de Belo Horizonte, no sudoeste brasileiro. Neste evento as preleções de José Arthur Giannotti e Gerard Lebrun abordaram a experiência histórica e cultural da filosofia como instituição acadêmica no século passado. Giannotti e Lebrun apresentaram algumas possibilidades e justificativas para a popularização e o ensino da filosofia no Brasil em plena vigência da ditadura militar na década de 1970. Meu objetivo neste trabalho é confrontar as posições desses autores com o modelo de formação acadêmica adotado pela Universidade de São Paulo (USP) que influenciou de modo determinante a institucionalização da filosofia no Brasil. Como um trabalho filosófico de cariz essencialmente técnico, como o praticado pela USP, poderia estar a salvo dos riscos potenciais da vulgarização da filosofia ao circular como mercadoria no espaço público? O evento da SBPC, em 1975, reinaugura uma reflexão sobre o tema da responsabilidade quanto a divulgação da filosofia no País sob a ótica dos filósofos acadêmicos. Trata-se de uma tentativa de responder ao duplo desafio de preservar a excelência das produções teóricas universitárias e ao mesmo tempo ampliar a comunidade filosófica e o interesse social pela filosofia, ainda que sob sucessivos governos autoritários.
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