Ensinar para aprender: o lugar da ciência em África
Resumo
Damos graças à ciência pelo conforto que a tecnologia nos traz. Por causa disso, partimos também do princípio segundo o qual a utilidade da ciência se reduziria justamente a esse valor instrumental e funcional. A ciência existe para nos facilitar a vida, por assim dizer. Uma ciência que não contribui para facilitar a nossa vida não é ciência. Uma vida que não está facilitada explica-se também pela ausência da ciência. Quantas vezes não partimos do princípio de que se houvesse mais conhecimento, mais educação, menos analfabetos tudo estaria melhor? A ideia heróica que temos da ciência leva-nos inclusivamente a reduzir tudo na nossa vida a ela. Não é por acaso que hoje em dia em quase todo o mundo se põe as ciências sociais em causa. O argumento é esse mesmo. Que utilidade prática têm elas? Que contribuição dão à melhoria das nossas condições de vida? Faz sentido gastar dinheiro público com as ciências sociais mesmo sabendo que elas não têm utilidade prática? Faz sentido gastar dinheiro com as humanidades e letras mesmo sabendo que não têm retorno para a sociedade, com se diz no Brasil hoje?
Referências
Chang Han-Joon., 2010: 23 Things They Don’t Tell You About Capitalism. Allen Lane. London.
Freire de Andrade, A. 1925 : Trabalho indígena e as colónias portuguesas. Boletim da Agência Geral das Colónias, vol.3: 3-15.
Macamo, Elísio 2005: Against ‚Development’. Codesria Bulletin, 3&4, Special Issue: Rethinking African Development.
Macamo, Elísio 2014: Respostas sem perguntas, ou:Porque a África nao é um problema por resolver. In: _ In Progress: 2° Seminário sobre ciências sociais e desenvolvimento em África.
Iolanda Évora e Sónia Frias (coordenadoras). CesA. Lisboa.
Macamo, Elísio 2016: ‘Desenvolvimento’ - Resultado ou mito da modernidade? In: Filipe Campello & Benjamin Gittel: Modernizações ambivalentes. Recife. Editora UFPE.
Popper, Karl 1980: A miséria do historicismo. EDUSP. São Paulo.
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