Cultura e educação na promoção dos processos da vinculação segura e da parentalidade positiva

Autores

Palavras-chave:

educação, cultura, transporte, de, crianças, vinculação, parentalidade, positiva.

Resumo

Para transportar os bebés, recorre-se, desde há muitas décadas, no mundo moderno, a meios auxiliares, abandonando práticas ancestrais do transporte junto ao corpo. Contudo, em sociedades industrializadas e desenvolvidas, o transporte corporal dos bebés, como alternativa ao carrinho, parece estar a ser reintroduzido. A abordagem ecológica à parentalidade, desenvolvida originariamente por Bronfenbrenner e Morris (1998), defende que, a forma como os pais lidam com as suas responsabilidades parentais se encontra associada aos recursos de que dispõem, para além das suas capacidades e características. Sameroff e Fiese (2000) postularam que a qualidade interativa diádica decorre de fatores individuais, interacionais e sociais - como membros de uma comunidade com as suas redes sociais, normas, valores e atitudes próprias - e é influenciada pelos seus diferentes contextos e as suas inter-relações meios auxiliares. Torna-se, por isso, importante conhecer a cultura, as políticas e as práticas, em Angola, no campo da infância, desde a aplicação da Convenção Sobre os Diretos da Criança (CSDC), tratado internacional assinado pela Assembleia Geral nas Nações Unidas, em 20 de Novembro de 1989 e ratificada por Angola, até às medidas legislativas, de forma a enquadrar o nosso interesse em estudar os efeitos do transporte dos bebés nas costas no contexto cultural em que essa proximidade ocorre, avaliando a qualidade da interação mãe-filho(a), em díades com transporte corporal (junto às costas) e comparando com díades no qual os bebés são transportados junto ao peito, no colo, ou em carrinhos. Gostaríamos, também, de conhecer quais os aspetos específicos da relação mãe-filho que estão associados ao transporte corporal. O contacto, o afeto e a proximidade materna podem ser o contexto relacional no qual a criança se sente segura e recebida dando inicio ao estabelecimento da vinculação. Segundo Bowlby (1969), o estabelecimento de relações de vinculação é, em si, um fenómeno normativo e universal na espécie humana, embora a vinculação tenha de ser entendida de forma sistémica, resultado de múltiplos fatores e interações (Cassidy, 2008). Importante referir que os estudos parecem indicar que o transporte corporal é preferencial ao transporte.

Referências

Ainsworth, M. D., Blehar, M., Waters, E., & Wall, S. (1978). Patterns of attachment- A psychological study of the Strange Situation. New Jersey, NJ, US: Lawrence Eribaum Associates.

Assembleia Nacional de Angola (2010). Constituição da República de Angola. Angola

Assembleia Nacional de Angola (2012). Lei 25/12 Lei Sobre a Proteção e Desenvolvimento Integral da Criança. Angola. Retirado de: http://www.governo.gov.ao/VerLegislacao.aspx?id=511

Belsky, J. (1984). The determinants of parenting: a process model. Child Development, 55, 83-96. doi.org/10.2307/1129836

Bowlby, J. (1969/1982). Attachment and loss (Vol. I). London: Penguin Book.

Bronfenbrenner, U. (1986). Ecology of the Family as a Context for Human Development: Research Perspectives, Developmental Psychology, 22 (6), 723-742. doi.org/10.1037/0012-1649.22.6.723

Bronfenbrenner, U., & Morris, P. (1998). The ecology of developmental processes. In RM. Lerner (Ed.), Theorectical models of human development (5 ed., pp. 993-1028). (Handbook of Child Psychology; Vol. 1). New York: Wiley.

Bronfenbrenner, U. & Evans, G. W. (2000). Developmental science in the 21st century: emerging theoretical models, research designs and empirical findings. Social Development, 9, 115-125. doi.org/10.1111/1467-9507.00114

Carvalho, O. (2016). Crescer saudavelmente em Angola. Porto. Livpsi

Carvalho, O. (2019). Identidade, cultura e educação, A visão de uma portuguesa, com um coração Mwangolé. Revista Sol Nascente, 15| (pp. 4-6).

Cassidy, J. (2008). The nature of the child's ties. In J. Cassidy & P. R. Shaver (Eds.), Handbook of attachment: Theory, research, and clinical applications (pp. 3-22). New York, NY, US: Guilford Press.

Ferber, S. G., Feldman, R., & Makhoul, I. R. (2008). The development of maternal touch across the first year of life. Early Human Development, 84(6), 363-370. doi:10.1016/j.earlhumdev.2007.09.019.

Fuertes, M. (2011a). Histórias de vida: da investigação à intervenção precoce. Educação: Da Investigação às práticas, 1 (1), 89-109. doi.org/10.25757/invep.v1i1.56

Fuertes, M. (2011b). Estudo exploratório sobre a classificação da vinculação atípica: desorganização ou adaptação? Psychologica, 52, 349-370. doi.org/10.14195/1647-8606_52-1_17

Fuertes, M. (2019). Intervenção Precoce na Infância – práticas suportadas na evidência. In F. Veiga (org.) Psicologia da Educação: Temas de Aprofundamento Científico. Coimbra: Almedina (pp. 587-581).

Herrera, E., Reissland, N. & Shepherd, J. (2004). Maternal touch and maternal child-directed speech: effects of depressed mood in the postnatal period. Journal of affective disorders, 81 (1), 29-39. Doi: 10.1016/j.jad.2003.07.001

Main, M., & Solomon, J. (1986). Discovery of an insecure-disorganized/disoriented attachment pattern. In T. B. Brazelton & M. W. Yogman (Eds.), Affective development in infancy (pp. 95-124). Westport, CT, US: Ablex Publishing.

Main, M., & Hesse, E. (1990). Parents' unresolved traumatic experiences are related to infant disorganized attachment status: Is frightened and/or frightening parental behavior the linking mechanism? In M. T. Greenberg, D. Cicchetti, & E. M. Cummings (Eds.), The John D. and Catherine T. MacArthur Foundation series on mental health and development. Attachment in the preschool years: Theory, research, and intervention (pp. 161-182). Chicago, IL, US: University of Chicago Press.

Rodrigo, M., Chaves, M., & Quintana, J. (2010). Buenas prácticas profesionales para el apoyo de la parentalidade positiva.Madrid: Federación Española de Municipios y Provincias.

Santa Bárbara, C (2018). Relação mãe-filho(a) em bebés transportados junto ao corpo das mães (Dissertação de mestrado não publicada). Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Educação, Lisboa Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.21/9372

Santa Bárbara, C., Fuertes, M., Carvalho, O. (2019, no prelo). Relação mãe-filho(a) em bebés transportados junto ao peito e em bebés transportados em carrinhos. PSICOLOGIA.

Sameroff, A. & Fiese, B. (2000). Transactional regulation and early intervention. In J.P. Shankoff, & S. J. Meisels (Eds). Handbook as early childhood intervention (pp. 135-159). Cambridge: Cambridge University Press.

Thompson, R. A. (2008). Early attachment and later development: Familiar questions, new answers. In J. Cassidy & P. R. Shaver (Eds.), Handbook of attachment: Theory, research, and clinical applications (pp. 330-348). New York, NY, US: Guilford Press.

UNICEF - Angola (2015). As Crianças em Angola. Avanços e Desafios. Retirado de: https://www.unicef.org/angola/criancas-em-angola

van IJzendoorn, M. H., & Sagi-Schwartz, A. (2008). Cross-cultural patterns of attachment: Universal and contextual dimensions. In J. Cassidy & P. R. Shaver (Eds.), Handbook of attachment: Theory, research, and clinical applications (pp. 880-905). New York, NY, US: Guilford Press.

Downloads

Publicado

12-12-2019

Como Citar

Carvalho , O. de ., Fuertes, M. ., & Santa-Bárbara, C. . (2019). Cultura e educação na promoção dos processos da vinculação segura e da parentalidade positiva. Revista Sol Nascente, 8(2), 37–49. Obtido de https://revista.ispsn.org/index.php/rsn/article/view/41