Os desafios no controlo da epidemia de VIH em Angola: Experiência do Hospital Nossa Senhora da Paz, Cubal

Autores

Palavras-chave:

Infecção pelo VIH em Angola, o fracasso do tratamento do VIH, infecções oportunistas

Resumo

O Hospital Nossa Senhora da Paz (HNSP) tem 11 anos de experiência na gestão do VIH. Os fracassos no tratamento com anti-retrovirais (TARV) da segunda linha e um aumento das infecções oportunistas representam um desafio para o futuro desta doença em Angola. O mesmo foi feito com o objectivo de determinar as características dos pacientes com VIH tratados no HNSP desde 01 Janeiro 2015 até 31 Agosto 2016, bem como as características dos pacientes em TARV desde 01 de Janeiro de 2010 até 30 de Setembro de 2016. Para tal, realizou-se uma análise retrospectiva dos pacientes inscritos no Programa DREAM, tendo-se registado a idade, sexo, níveis de CD4 e estádio ao diagnóstico, início de TARV e a evolução dos mesmos. Durante os 20 meses, 3.089 testes de VIH foram realizados, dos quais 138 foram positivos, indicando uma prevalência de 4,5%. De 1 de Janeiro de 2010 até a data, 906 pacientes receberam TARV, dos quais 66,9% são mulheres. Na actualidade o programa DREAM controla 606 pacientes, dos quais 505 em TARV. Dos doentes em TARV, 17 estão em TARV de segunda linha e 7 confirmam resistência ao TARV. A co-infecção com Tuberculose é de 24.3%. De 1 de Janeiro de 2015 até 30 de Setembro de 2016 foram incorporados 128 novos casos, 11,7% morreram nos primeiros 30 dias após o diagnóstico e 6 destes apresentam níveis de CD4 menor de 50 com uma incidência da meningite criptocócica de 33,3%. É necessário conceber estratégias para a população-alvo no diagnóstico precoce do VIH, a fim de se realizar o diagnóstico na fase precoce, reduzindo a mortalidade. Um problema verificado é o fracasso do TARV da segunda linha. A incorporação de novas famílias terapêuticas é uma necessidade imperiosa junto com a abordagem das infecções oportunistas e incorporar a carga viral para garantir programa de VIH de qualidade em Angola.

Referências

Asamblea General de las Naciones Unidas. 2011.

GLOBAL AIDS UPDATE. UNAIDS – 2016.

Asamblea Naciones Unidas. Junio 2016.

Dados do Ministério da Saúde, Angola. 1 Dezembro. 2016. Informe Provincia Benguela.

Lawn SD, Harries AD, Anglaret X, Myer L, Wood R. Early mortality among adults accessing antiretroviral treatment programmes in sub-Saharan Africa. AIDS. 2008; 22:1897-908.

World Health Organisation. Consolidated guidelines on the use of antiretroviral drugs for treating and preventing HIV infection: recommendations for a public health approach - 2nd ed. WHO Guidel2016:480.

Guichet E, Aghokeng AF, Serrano L, Bado G, Toure-Kane C, Eymard-Duvernay S, et al. High viral load and multidrug resistance due to late switch to second-line regimens could be a major obstacle to reach the 90-90-90 UNAIDS objectives in sub-Saharan Africa. AIDS Res Hum Retroviruses 2016; 32:1–13.

Konou AA, Salou M, Vidal N, Kodah P, Kombate D, Kpanla P, et al.Virological outcome among HIV-1 infected patients on first-line antiretroviral treatment in semi-rural HIV clinics in Togo. AIDS Res Ther 2015; 12:38.

Boullé C, Guichet E, Kouanfack C, Aghokeng A, Onambany B, Ikaka CM, et al. Virologic failure and HIV drug resistance in rural Cameroon with regard to the UNAIDS 90-90-90 treatment targets. Open Forum Infect Dis 2016:ofw233.

Muri L, Gamell A, Ntamatungiro AJ, Glass TR, Luwanda LB, Battegay M, et al. Development of HIV drug resistance and therapeutic failure in children and adolescents in rural tanzania – an emerging public health concern. AIDS 2017; 31:61-70.

Konou AA, Dagnra AY, Vidal N, Salou M, Adam Z, Singo-Tokofai A, et al.Alarming rates of virological failure and drug resistance in patients on long-term antiretroviral treatment in routine HIV clinics in Togo. AIDS 2015; 29:2527–30.

Boender TS, Kityo CM, Boerma RS, Hamers RL, Ondoa P, Wellington M, et al. Accumulation of HIV-1 drug resistance after continued virological failure on first-line ART in adults and children in sub-Saharan Africa. J AntimicrobChemother 2016; 71:2918–2927.

Dube NM, Tint KS, Summers RS. Early warning indicators for HIV drug resistance in adults in South Africa at 2 pilot sites, 2008-2010. Clin Infect Dis 2014; 58:1607–1614.

Rossouw TM. Monitoring Early Warning Indicators for HIV Drug Resistance in South Africa: Challenges and Opportunities.Clin Infect Dis 2014; 58:1615–1617.

Ta IL, Smith BR, von Geldern G, et al. HIV-associated opportunistic infections of the CNS. Lancet Neurol 2012; 11: 605-17.

Jarvis JN, Meintjes G, William A et al. Adult meningitis in a setting of high HIV and TB prevalence: findings from 4961 suspected cases. BMC Infect Dis 2010;10:67.

Sloan DJ, Parris V. Cryptococcal meningitis: epidemiology and therapeutic options. ClinEpidemiol 2014; 6: 169-82.

Jarvis JN, Lawn SD, Vogt M, et al. Screening for cryptococcalantigenemia in patients accessing an antiretroviral treatment program in South Africa. Clin Infect Dis 2009; 48:856–62.

Jarvis JN, Govender N, Chiller T, et al. Cryptococcal antigen screening and preemptivetherapy in patients initiating antiretroviral therapy in resource-limited settings: a proposed algorithm for clinical implementation. J Int Assoc Physicians AIDS Care (Chic) 2012; 11:374–9.

Downloads

Publicado

12-12-2017

Como Citar

Pessela, A., Olivas, E. G., Mateus, R. M. ., Samba, F., Falcó, V., & Nicasio, M. M. . (2017). Os desafios no controlo da epidemia de VIH em Angola: Experiência do Hospital Nossa Senhora da Paz, Cubal. Revista Sol Nascente, 6(2), 03–17. Obtido de https://revista.ispsn.org/index.php/rsn/article/view/61