Cosmologia angolana: múltiplas vozes entre o processo de subjetivação e de individuação do aluno angolano e o campo educacional.

Autores

Palavras-chave:

escola angolana, individuação, campo educacional

Resumo

O manuscrito aborda a instituição escolar, como espaço antropológico, oriunda de vários pontos de intersecção, têm a finalidade de alimentar os labirintos do imaginário cultural dos discentes no processo de constituição de uma identidade. Evidencia-se que os alunos e professores dialogam por intermédio de um repertório cultural, constituídos por símbolos, linguagens e imagens, materializados nos livros didáticos. Esse cenário multifacetado e polissêmico incita-nos, durante a etnologia realizada em Luanda no período de Agosto a Setembro de 2015, a questionar sobre o processo de subjetivação e de individuação dos alunos do primeiro e do segundo ano do ensino médio do Município do Cazenga, com o intuito de apresentar não só a influência do papel da linguagem, símbolos nacionais e o imaginário cultural, mas também o impacto das reminiscências no processo de individuação. Foi utilizado o procedimento metodológico com base em uma perspectiva transdisciplinar que engloba os fundamentos da pesquisa qualitativa, da observação participante in lócus juntamente com o aporte teórico da Antropologia, da Análise do Discurso Francesa, da Semiolinguística e da Psicanálise no momento de nomear, de descrever e de tematizar a interação contínua entre os dispositivos de investigação de campo, da descrição e do processo interpretativo dos fenômenossocioculturais. Conclui-se que a subjetivação do discente constroi-sepela tríade: mediador-livro didático – aluno, cabendo ao mediador potencializar as habilidades e as múltiplas vozes da cosmologia angolana para mitigar o imaginário da formação do “cidadão” que subjaz a ideia de mutilação de singularidades em prol de um bem comum.

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Publicado

06-06-2021

Como Citar

Moura, V. de . (2021). Cosmologia angolana: múltiplas vozes entre o processo de subjetivação e de individuação do aluno angolano e o campo educacional. Revista Sol Nascente, 10(1), 202–240. Obtido de https://revista.ispsn.org/index.php/rsn/article/view/59